quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Poesia e História: Trabalhando a Segunda Guerra Mundial a partir de "A Rosa de Hiroshima ", de Vinícius de Moraes

        Quando vamos abordar um conteúdo histórico a partir da Literatura, não é necessário que a obra literária escolhida seja, indispensavelmente, um romance ou qualquer outro texto escrito em prosa. A poesia também pode ser usada para esse fim com a mesma intenção. 
Nesse post, a sugestão será contextualizar o ataque às cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki acontecido durante a Segunda Guerra Mundial pela análise do poema "A Rosa de Hiroshima", de Vinícius de Moraes. Como trata-se de poesia, a abordagem que o professor fará do texto será um pouco diferente do que seria necessário a um conto ou capítulo de um livro. No entanto, ela será tão válida e importante quanto a análise de uma obra em prosa.

O poema:

A ROSA DE HIROXIMA

Rio de Janeiro, 1954

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.

A versão musical do poema, cantada por Ney Matogrosso:



Como usá-lo nas aulas de História?

1) Apresente o poema para os alunos e faça a leitura: mostre para os alunos o poema e leia-o em voz alta ou, melhor ainda, peça para algum aluno ler. Depois, como o mesmo também foi transformado em música e interpretado por muitos artistas, como Ney Matogrosso, toque a canção para que eles acompanhem dessa vez com a melodia. Distribua cópias do texto entre os alunos para que nenhum fique perdido ou acabe não entendendo alguma parte da leitura e/ou canção. Se necessário, distribua dicionários também e estipule um tempo para que os estudantes possam procurar as palavras que desconhecem.

2) Mostre imagens significativas: Apresente para os alunos imagens que retratem os atentados a Hiroshima e Nagazaki. Incentive-os a falar sobre as relações que eles conseguem  tecer entre o que vêm e o que leram/escutaram.

3) Converse sobre o que foi lido: Após ler o poema e ouvir a sua versão musical, converse com os alunos sobre o que eles entenderam ao lerem a obra. Ajude-os a interpretá-lo e faça com que eles leiam "nas entrelinhas", ou seja, com que compreendam aquilo que o autor gostaria de passar para seus leitores, bem como o  estilo e a riqueza da composição. Para ajudar nessa parte, o docente pode fazer questionamentos, como:

a) Qual o significado do título do poema?
b) O que o autor queria dizer quando pedia que seu leitores "Pensem nas crianças / Mudas telepáticas / Pensem nas meninas"?
c) Que consequências da explosão das bombas podem ser encontradas no poema?
d) O racismo pode ter incentivado os lançamentos das bombas?
e) O que significou para os americanos os lançamentos das bombas?
f) O Japão estaria pronto para suportar uma invasão massiva dos Estados Unidos, em 1945?

4) Proponha uma pesquisa: Peça para os alunos pesquisarem sobre como se encontram as duas cidades japonesas hoje em dia. Proponha que eles pesquisem as consequências decorrentes dos ataques que atingem as cidades até hoje, os monumentos históricos e museus que existem  para lembrar dos acontecimentos, como os japoneses do presente se sentem em relação aos eventos etc. 

5) Aborde o conteúdo histórico: Finalmente, aborde o conteúdo histórico com os alunos. Aproveite para usar os conhecimentos que os estudantes acumularam com a leitura do poema de Vinícius de Moraes  e com as suas pesquisas sobre o Japão atual para enriquecer a exposição.

Postagem de Suzana Sabino (suzana_sabino@hotmail.com)


Referências bibliográficas:
AGUIAR, Lilian. A Bomba de Hiroshima. Disponível em: <http://educador.brasilescola.com/estrategias-ensino/a-bomba-hiroshima.htm>. Acesso em: 02 nov. 2014.

MORAES, Vinícius. Rosa de Hiroshima. Disponível em: <http://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/poesia/poesias-avulsas/rosa-de-hiroxima>. Acesso em: 02 nov. 2014.

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