quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Teatro na escola: O racismo e outras opressões



Inicio este post falando de atitudes. Estranho? Não. Nós, professores, não trabalhamos apenas conteúdos - trabalhamos atitudes. Sobretudo, as atitudes negativas de nossos alunos. Nessa perspectiva de trabalho usamos conteúdos atitudinais em que procuramos “[...] modificar comportamentos que expressam racismo ou etnocentrismo, preconceito e estereótipo” (FREITAS, 2010, p. 181), sendo a dramatização com troca de papeis entre alunos uma das técnicas avançadas por Itamar Freitas. 
Esse confrontamento consigo mesmo é um artifício sobremaneira propiciador de atitudes positivas como a tolerância, a reflexão sobre si mesmo, o respeito à diversidade, e da ampliação de uma visão crítica das coisas. O teatro, em suma, é um propulsor de criticidade. Contudo, é necessário que o levemos para dentro das escolas, que o usemos de fato como recurso didático de ensino, e que o ajustemos às nossas necessidades. No nosso caso, devo dizer, a História e o teatro vivem desde sempre uma relação de proximidade. O teatro serviu-se desde sempre da História, e por que não a História do teatro?
Num trabalho apresentado na ANPUH/SP em 2010, Danilo Henrique Batista afirma que “[...] a grande maioria dos alunos de hoje em dia não tem interesse pela matéria historia pelo fato de não conseguirem associar os fatos históricos com nossa vida cotidiana [...]”, e prossegue questionando “[...] mas e se eles representassem estes mesmos fatos?” E se eles fossem, acrescento eu, levados a trabalhar conteúdos como a escravidão, a violência doméstica, o bullying?... E se eles fossem guiados no sentido de darem de caras com a realidade que os cerca, e, por esse mesmo meio, levados a pensar e a interagir com o cotidiano?
Seria ouro sobre azul, pois “quando os alunos participam de peças, abre-se a possibilidade de desenvolver a percepção de que eles são sujeitos integrantes de um processo social” (BATISTA, 2010), e suas visões de mundo, junto com eles, crescem.
Minha proposta de hoje é mais adequada para o Ensino Médio. Tem em vista o trabalho com um tema tão corrente no nosso país, mas que, acredito, nunca é demais trabalhar – o racismo.


Passo a passo:

- Coloque seus alunos para assistir este vídeo, disponível no youtube, produzido por alunos da PUC Minas (Todos contra o Preconceito!)
- No final do vídeo questione-os com relação ao que pensaram da representação teatral.
- Problematize os pensamentos dos alunos: Por que os personagens agiram daquela forma? Por que pensam dessa maneira? Como eles, alunos, reagiriam numa situação como aquela? Como acham que seria possível vencer esse preconceito? Já foram eles mesmos alvos de preconceito racial?
- Explique-lhes a ideia de que o Brasil é o país da democracia racial. Pergunte-lhes, em seguida, o que acham disso. O Brasil é ou não o país da democracia racial?
- Após a discussão, solicite como trabalho de casa um pequeno artigo de opinião sobre o assunto.
- Forme quatro grupos de alunos a fim de que eles criem, cada um, uma pequena representação em que ficará bem demonstrada uma opressão. Os temas podem ser racismo, abuso de poder, bullying e violência doméstica. Não esqueça: deve sempre procurar colocar os alunos no lugar do outro. Um exemplo: coloque um aluno branco para experimentar o lugar do afro-descendente.

Nota: Essa apresentação pode ser trabalhada durante o bimestre, podendo ser apresentada ao final para toda a comunidade escolar.

Bom trabalho! 

Postagem de Ricardo Barbosa (ricardoalex_78@hotmail.com)

Referências bibliográficas:

BATISTA, Danilo Henrique. O uso do teatro no ensino de História. Anpuh/SP. Set. 2010.
FREITAS, Itamar. A experiência indígena no ensino de História. In: OLIVEIRA, Margarida Maria Dias. Coleção explorando o ensino - História - v. 21 - Ensino Fundamental. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2010, p. 159-192.
Todos contra o preconceito. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=YlivCCXQAr0>. Acesso em: Nov 2014.



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