Inicio este post falando de
atitudes. Estranho? Não. Nós, professores, não trabalhamos apenas conteúdos -
trabalhamos atitudes. Sobretudo, as atitudes negativas de nossos alunos. Nessa
perspectiva de trabalho usamos conteúdos atitudinais em que procuramos “[...]
modificar comportamentos que expressam racismo ou etnocentrismo, preconceito e
estereótipo” (FREITAS, 2010, p. 181), sendo a dramatização com troca de papeis
entre alunos uma das técnicas avançadas por Itamar Freitas.
Esse confrontamento consigo
mesmo é um artifício sobremaneira propiciador de atitudes positivas como a
tolerância, a reflexão sobre si mesmo, o respeito à diversidade, e da ampliação
de uma visão crítica das coisas. O teatro, em suma, é um propulsor de criticidade.
Contudo, é necessário que o levemos para dentro das escolas, que o usemos de
fato como recurso didático de ensino, e que o ajustemos às nossas necessidades.
No nosso caso, devo dizer, a História e o teatro vivem desde sempre uma relação
de proximidade. O teatro serviu-se desde sempre da História, e por que não a
História do teatro?
Num trabalho apresentado na
ANPUH/SP em 2010, Danilo Henrique Batista afirma que “[...] a grande maioria
dos alunos de hoje em dia não tem interesse pela matéria historia pelo fato de
não conseguirem associar os fatos históricos com nossa vida cotidiana [...]”, e
prossegue questionando “[...] mas e se eles representassem estes mesmos fatos?”
E se eles fossem, acrescento eu, levados a trabalhar conteúdos como a
escravidão, a violência doméstica, o bullying?... E se eles fossem guiados no
sentido de darem de caras com a realidade que os cerca, e, por esse mesmo meio,
levados a pensar e a interagir com o cotidiano?
Seria ouro sobre azul, pois
“quando os alunos participam de peças, abre-se a possibilidade de desenvolver a
percepção de que eles são sujeitos integrantes de um processo social” (BATISTA,
2010), e suas visões de mundo, junto com eles, crescem.
Minha proposta de hoje é mais
adequada para o Ensino Médio. Tem em vista o trabalho com um tema tão corrente
no nosso país, mas que, acredito, nunca é demais trabalhar – o racismo.
Passo a passo:
- Coloque seus alunos para assistir este vídeo, disponível no youtube,
produzido por alunos da PUC Minas (Todos contra o Preconceito!)
- No final do vídeo questione-os com relação ao
que pensaram da representação teatral.
- Problematize os pensamentos dos alunos: Por que
os personagens agiram daquela forma? Por que pensam dessa maneira? Como eles,
alunos, reagiriam numa situação como aquela? Como acham que seria possível
vencer esse preconceito? Já foram eles mesmos alvos de preconceito racial?
- Explique-lhes a ideia de que o Brasil é o país
da democracia racial. Pergunte-lhes, em seguida, o que acham disso. O Brasil é
ou não o país da democracia racial?
- Após a discussão, solicite como trabalho de
casa um pequeno artigo de opinião sobre o assunto.
- Forme quatro grupos de alunos a fim de que eles
criem, cada um, uma pequena representação em que ficará bem demonstrada uma
opressão. Os temas podem ser racismo, abuso de poder, bullying e violência
doméstica. Não esqueça: deve sempre procurar colocar os alunos no lugar do
outro. Um exemplo: coloque um aluno branco para experimentar o lugar do
afro-descendente.
Nota: Essa apresentação pode ser
trabalhada durante o bimestre, podendo ser apresentada ao final para toda a
comunidade escolar.
Bom trabalho!
Postagem de Ricardo Barbosa (ricardoalex_78@hotmail.com)
Referências bibliográficas:
BATISTA, Danilo Henrique. O uso do teatro no
ensino de História. Anpuh/SP. Set. 2010.
FREITAS, Itamar. A experiência indígena no ensino
de História. In: OLIVEIRA, Margarida Maria Dias. Coleção explorando o ensino -
História - v. 21 - Ensino Fundamental. Brasília: Ministério da Educação,
Secretaria de Educação Básica, 2010, p. 159-192.
Todos contra o preconceito. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=YlivCCXQAr0>.
Acesso em: Nov 2014.
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