segunda-feira, 24 de novembro de 2014

História e Poesia: Uma reflexão acerca da História Indígena a partir da "Canção do Tamoio", de Gonçalves Dias

Atividade destinada aos alunos do Fundamental II

        Um dos papeis fundamentais da História é a sua capacidade de construir e desconstruir conceitos criticamente. Assim sendo, faz parte do trabalho do profissional de História, bem como do próprio professor de tal disciplina escolar, promover tal reflexão sempre que surgir a possibilidade de fazê-lo. 
  No caso específico dos docentes, uma boa oportunidade de realizar tal tarefa com seus alunos se dá nas datas comemorativas. Nessas ocasiões, o professor pode aproveitar para discutir temas específicos e também estimular a reflexão dos discentes acerca de aspectos de nossa cultura que muitas vezes são internalizados erroneamente ao longo dos anos de aprendizagem escolar. 
  No post de hoje, veremos como se pode, por exemplo, trabalhar o "Dia do Índio" (19 de Abril) nas classes do Ensino Fundamental II. Nessa aula, o professor enfatizará e promoverá o debate sobre a visão que foi construída acerca do indígena brasileiro, procurando retirar da mesma a carga de romantismo e superficialidade que, infelizmente, foi posta sobre a sua imagem ao longo dos anos. Para tal, trazemos uma atividade que envolve o poema "Canção do Tamoio", de Antônio Gonçalves Dias.

1) Leitura coletiva: Leia o seguinte trecho juntamente com seus alunos:

Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar.

E pois que és meu filho,
Meus brios reveste;
Tamoio nasceste,
Valente serás.
Sê duro guerreiro,
Robusto, fragueiro,
Brasão dos tamoios
Na guerra e na paz.

Porém se a fortuna,
Traindo teus passos,
Te arroja nos laços
Do inimigo falaz!
Na última hora
Teus feitos memora,
Tranquilo nos gestos,
Impávido, audaz.

2) Abra espaço para a discussão: Após realizar a leitura coletiva do poema, incentive os seus alunos a dizerem a opinião deles sobre a visão do índio Tamoio que é construída no texto. À  medida que as interpretações surgirem, dê maior destaque àquelas que enfatizam uma visão heroica do indígena, como sendo um indivíduo resistente e guerreiro. 

3) Peça uma pesquisa e proponha uma atividade: Feita a discussão sobre a visão do índio apresentada no poema, leve para a sala de aula textos que mostrem a situação do nativo brasileiro ao longo da colonização, destacando a escravização da qual esses povos foram vítimas. O livro didático também poderá ser usado para essa parte da pesquisa. Depois, leve textos que foram publicados em revistas e jornais e que mostram a atual situação dos povos indígenas e sua luta pela própria terra. Em posse de tal material, incentive a pesquisa e proponha uma atividade escrita que o aluno deverá fazer com base nos textos que tem à sua disposição. Tal tarefa pode ser um questionário ou a realização de uma redação, porém em ambas as propostas o professor deve incentivar que o aluno faça a ligação entre a história do índio e a sua atual realidade.

4) Retorne ao poema: Depois da discussão inicial e da pesquisa sobre a realidade enfrentada pelos indígenas aos longos dos anos, retorne ao poema de Gonçalves Dias. Agora, os alunos terão maior bagagem de conhecimento e capacidade para fazer uma nova interpretação da obra. Promova uma nova discussão na qual os estudantes terão a oportunidade de expressar aquilo que aprenderam com a pesquisa feita. Esse é o momento de desconstruir a tradicional visão que os alunos poderiam ter acerca dos povos indígenas e construir uma nova imagem dos mesmos, sendo esta baseada na realidade deles, da mais antiga à mais atual, e não preconceitos que, ao longo da história, foram sendo construídos em relação aos nativos brasileiros.

Postagem de Suzana Sabino (suzana_sabino@hotmail.com)

Referência bibliográfica:
SOUSA, Rainer. A trajetória dos índios e a "Canção do Tamoio". Disponível em: <http://educador.brasilescola.com/estrategias-ensino/a-trajetoria-dos-indios-cancao-tamoio.htm>. Acesso em: 24 nov. 2014.

Nenhum comentário:

Postar um comentário